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sexta-feira, 30 de janeiro de 2009

Leitura e vida

Que livros ler? Que tipos de livro ler?
Não sei, tenho lido livros que tratam de ideias e livros que contam histórias, ou estórias, como queria Guimarães Rosa.
Se viver fosse entender a vida, sem dúvida deveríamos ler livros que tratam de ideias, ou que apresentam ideias na tentativa de decifrar a vida. Mas viver não é entender a vida, mas lançar-se a ela. E se é louvável um apelo à racionalidade para não corrermos o risco de nos transformarmos em franco atiradores apaixonados, a leitura de livros também pode, passados certos limites, transformar-se numa forma de fuga do viver, da responsabilidade em que a vida nos joga. Nesse ponto, talvez fosse melhor escutarmos o apelo da música que movimenta o nosso corpo.
Se viver fosse viver o máximo possível, o mais intensamente possível, recomendaria os livros de histórias. Mas viver também não é isso, mas nos apossarmos da nossa vida (única e passageira) e respondermos aos seus desafios (também únicos e passageiros).
Claro, nossas respostas se relacionam com o que entendemos da vida, e muitos precisamos da ajuda de livros sobre ideias para escaparmos de certas armadilhas em que nossas mentes caem. Também precisamos de experiência, de exercitar a capacidade de imaginação, e de exorcizar nossos demônios vivendo-os de uma maneira segura, e para esses três objetivos são fundamentais os livros que contam histórias, bem como o teatro e o cinema de qualidade.

sábado, 24 de janeiro de 2009

Ciência e Poesia

A ciência é a tentativa do homem de descrever o mundo além do que pode ser observado e do que já é conhecido.
A poesia (religiosa ou não) é a tentativa de por meio da fantasia penetrar no mundo, ali onde toda descrição se cala, mas onde (talvez) se possa encontrar seu sentido.

sexta-feira, 23 de janeiro de 2009

Vazio

Com que ímpeto enchemos nosso armário de roupas, nossa estante de livros, nossa vida de compromissos, nossa cabeça de certezas. Não, não, o que quero é espaço vazio. Estou vivo. Não sou um túmulo, uma estátua ou um quadro.
Muita calma ao ir às compras, ou aos compromissos, ou às ideias. Veja o que realmente te parece essencial, e se não deves antes liberar espaço para poder bem receber. Não vá abarrotar os armários visíveis e invisíveis de entulhos. Não vá se acorrentar a bolas de ferro.
É certo que algumas pessoas têm muitos planos e compromissos para você, a ponto de não sobrar nenhum espaço. Não se deixe acorrentar, respeite a si, do contrário não terás nada de seu para dar.

Caminhada

Há momentos na vida que me dão oportunidade de atitudes belas, grandiosas. Mas frequentemente não estou à altura desses momentos. Na hora da oportunidade, não a vejo, ajo de forma vil, egoísta, ou me escondo, fujo. Depois, sim, com calma e distância enxergo como deveria ter agido e me envergonho.
Mas por que esse movimento de desejo, fracasso, culpa? Essa inadequação entre pensamento e ação? Talvez por esse hábito de enxergar apenas tudo ou nada, agora ou nunca. É preciso reaprender a andar, que se resume na atitude simples e difícil de dar um pequeno passo - avançar um pouco uma perna, sentir o chão logo à frente, deslocar o peso para esse ponto e novamente avançar com a outra perna para outro ponto um pouco mais à frente. E readaptar o olhar para enxergar o que está próximo, e os pequenos avanços, retrocessos e desvios.

quinta-feira, 22 de janeiro de 2009

Surreal

Basta que algo saia da rotina, ou um acontecimento inesperado, para que a vida nos pareça (ou se revele) surreal. Sentado sobre um canteiro da calçada, esperando o carro no lava-rápido, um passarinho passou sobre mim. Acompanhei seu voo: ele passou sobre o muro do lava-rápido, fez uma curva para a direita, bateu na parede de uma casa e caiu, asas abertas, desaparecendo atrás do muro. Ainda esperei que o passarinho ressurgisse por detrás do muro. Nada, silêncio, ninguém, além de mim, viu.

Remédio

As dores no pescoço são o melhor remédio para o excesso de leitura. Elas me dizem: "Vai, Roberto. Levanta-te e anda. Vai à praça caminhar."

quarta-feira, 21 de janeiro de 2009

Mantra

Antes que eu desista não é o título desse blog. É um mantra pro seu autor. Vou fazer um blog antes que eu desista. Vou postar antes que eu desista.
É certo que pessoas agarradas a certezas são às vezes perigosas. Mas a tão bem vinda autocrítica não pode se transformar em gás paralisante. Essa paralisia é a tendência contra a qual luto, e o motivo do mantra.
Toda ação envolve o risco de erro, mas depois de algum cuidado com os resultados mais diretos e passíveis de imaginar da sua ação em relação aos outros, é preciso agir. É preciso viver, antes que se desista. Depois, sim, presentes os desdobramentos reais da ação, ter coragem de encarar os erros e corrigir quando e como for possível.