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quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

Carta ao escritor de Menino-Serelepe


Antonio Lobo Guimarães,

Acabei de ler o seu Menino-Serelepe. Junto com o narrador, brinquei, me aventurei, chorei, ri, e aprendi. Flanei pelo mundo encantado de sua Aguinhas da infância. Por meio das pequenas estórias, conheci Seu Dé, pai firme e bondoso; os cuidados excessivos da mãe Neli; a vó Cema e a vó Margarida, coração e sabedoria de vida; a prosa e os modos agradáveis do Pai Véio. E ainda pencas de primos, amigos, tios, professores... todos contribuindo, de um jeito ou de outro, com o amadurecimento e os descobrimentos do menino.

Para mim, você chegou lá onde toda literatura quer chegar. A literatura parte de um desejo intenso de dividir algo inefável. Resta ao escritor descobrir com quais estórias, e contadas de que modo, ele poderá atingir seu objetivo. Estórias reais: buscadas na memória ou pesquisadas; estórias fictícias: fantásticas ou verossímeis (podendo haver ainda combinações desses tipos).

Enfim, seu Menino-Serelepe entra na longa tradição de literatura dos chamados memorialistas. Lendo o livro, também me lembrei da minha infância, da minha família e de outros livros de memórias que li com muito prazer. O primeiro, ainda adolescente, foi Um Chapéu para Viagem, de Zélia Gattai. Fiquei espantado: então alguém pode simplesmente contar sua vida e torná-la tão agradável e bela? Mais recentemente, conectado com minha velha paixão pela música popular brasileira, me encantei com as memórias do Márcio Borges, no livro Sonhos não Envelhecem, e do Nelson Motta, no livro Noites Tropicais.

Obrigado por dividir comigo, via literatura, sua infância e amadurecimento, personagens e estórias,

Roberto

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